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Por que o seu bebê continua acordando durante a noite?

Por que o seu bebê continua acordando durante a noite?

16/07/2025 Dra Dúnnia Baldissera

Você já tentou ritual, tentou playlist, tentou banho morno com lavanda, tentou orar antes de dormir (implorou ao Senhor, na verdade) — e ainda assim, o seu bebê continua acordando várias vezes por noite. Às vezes, chorando. Às vezes, resmungando. Às vezes, como se fosse dia, sem interesse de voltar a dormir.

E aí vem a pergunta que atormenta (mesmo) e confunde: “isso é normal ou tem algo errado?”

A resposta é: depende.

Depende da idade do seu bebê, da maturidade do sistema nervoso, da forma como ele adormece, de como está sendo alimentado, da presença ou não de sintomas clínicos. O sono do bebê não é um botão que a gente liga, e muito menos um estado de coma. É um estado rapidamente reversível, e que precisa de uma condução adequada para ter qualidade.

Neste post, você vai entender de forma objetiva, e com base científica, as causas mais comuns de despertares noturnos até os dois anos. Não para encontrar uma fórmula mágica (ela não existe), mas para aprender a observar, interpretar e agir com sabedoria.


1. Imaturidade neurológica

Nos primeiros meses de vida, os bebês ainda não têm o ciclo de sono organizado como o de um adulto. O cérebro deles precisa aprender a alternar entre sono leve (ativo) e sono profundo (quieto), a consolidar períodos maiores de descanso e a responder aos estímulos durante a noite sem acordar por qualquer coisinha.

Até cerca de 3-4 meses, é normal que o bebê acorde com frequência. Mas, passado esse marco, os despertares noturnos muito intensos e frequentes começam a sugerir que algo está interferindo na construção do sono e amadurecimento do ritmo, como por exemplo, uma rotina irregular ou a presença de muletas necessárias para pegar no sono.


2. Fome (real)

Sim, existe fome de verdade. Bebês pequenos, como abaixo de 3-4 meses, têm o sono regulado pelo sistema homeostático (necessidade de sono) e pela fome. Com o estômago pequeno e a alta velocidade de crescimento do período, é esperado que acordem mais para alimentar-se.

Também bebês que não ganharam peso de forma adequada ou que fazem longos intervalos entre as mamadas diurnas, podem acordar porque precisam alimentar-se.

Por outro lado, é comum que o bebê coma mal durante o dia e tente compensar à noite — o que perpetua um ciclo de despertares que não é fisiológico, mas comportamental. Muitas vezes os pais acabam mantendo a alimentação noturna por medo da perda de peso, quando a sua retirada seria a solução para a dificuldade de aceitação diurna.

Como observar: veja se seu bebê está mamando bem de dia, ganhando peso, e se os despertares são espaçados ou muito frequentes. A fome costuma causar 1-2 despertares reais após os 4 meses. Mais que isso exige avaliação.


3. Insônia comportamental da infância

Esse é o nome técnico para um padrão muito comum: o bebê que não sabe adormecer sozinho e precisa de um adulto (ou do peito, ou do colo, ou do movimento) para voltar a dormir a cada microdespertar, sendo que este comportamento ocorre pelo menos três vezes na semana, nos últimos 3 meses.

O sono é feito de ciclos. E a cada fim de ciclo, todos nós acordamos um pouquinho (e também no meio deles). A diferença é que quem aprendeu a dormir de forma autônoma volta a dormir sozinho. Quem depende de um ritual externo, chama ajuda.

Exemplo prático: um bebê de 8 meses que mama para dormir e desperta 4 a 6 vezes por noite, chorando e pedindo para mamar, está provavelmente preso numa associação. Ele não sabe como recomeçar o ciclo sozinho.


4. Dermatite atópica

Coceira. Ardência. Irritação da pele.

A dermatite é uma das causas invisíveis mais negligenciadas de sono ruim. Mesmo que o bebê não coce intensamente de dia, à noite, com o calor do corpo e o atrito do colchão, os sintomas se intensificam. No caso da dermatite atópica, a falta de sono pode piorar os sintomas.

Como investigar: se o bebê tem lesões avermelhadas, crostinhas no rosto, atrás dos joelhos ou nas dobras do corpo, e se acorda coçando ou se contorcendo, é preciso conversar com o pediatra ou dermatologista. Sono e pele estão profundamente ligados.


5. Alergia à proteína do leite de vaca (APLV)

Nem toda APLV causa diarreia ou sangue nas fezes. Em muitos casos, o sintoma dominante é o sono difícil, o mal humor diurno e aquela sensação de que algo está errado com o seu bebê.. Bebês com APLV podem acordar muitas vezes, chorando inconsoláveis, e apresentar sinais como refluxo, distensão abdominal, agitação, flatulência e arqueamento do corpo. Vale lembrar que depois que a alergia passa, o sono ruim permanece pois as associações necessárias para o consolo instalam-se levando à insônia.

Exemplo clínico: um bebê de 5 meses que desperta a cada hora, chora muito à noite, tem dermatite associada e cólicas intensas pode estar expressando uma APLV não diagnosticada.


6. Refluxo gastroesofágico

Quando o conteúdo do estômago volta para o esôfago, ele pode irritar, queimar e causar dor — especialmente quando o bebê está deitado. O refluxo fisiológico é comum, mas o patológico atrapalha o sono, o apetite e o ganho de peso.

O bebê acorda chorando, arqueia o corpo, solta leite em jato ou faz movimentos de deglutição repetitivos (as mães relatam que ouvem o bebê engolindo algo, e eu mesma, presenciava o evento com o meu primeiro filho). O sono tende a ser leve e fragmentado.

Dica: ele pode até adormecer bem no colo, mas acorda assim que é colocado no berço. Avaliar o padrão de alimentação, vômitos e em que posição o sono parece ser pior.


7. Distúrbios respiratórios (como apneia)

Roncos intensos, respiração ruidosa, pausas na respiração e suor excessivo à noite não são normais. Repita comigo: criança não ronca.

Bebês com distúrbios respiratórios do sono despertam constantemente para conseguir oxigenar melhor o corpo, mesmo que não acordem totalmente.

A apneia é mais comum em crianças maiores, mas a obstrução nasal intensa, adenoide aumentada e até desvio de septo podem impactar o sono desde cedo. Também bebês recém nascidos podem apresentar uma condição benigna chamada laringomalácia, a qual leva a estridores durante o sono.


O que fazer?

♥ Investigar as causas — o sono nunca melhora por mágica, muito menos sem intervenção.
♥ Criar uma rotina fisiológica — respeitando os horários naturais do bebê, de acordo com o seu cronotipo.
♥ Estabelecer rituais positivos pré sono — previsíveis e tranquilos.
♥ Ensinar o bebê a dormir com autonomia — no tempo dele, com paciência e direcionamento do especialista.
♥ Contar com um profissional capacitado para diferenciar questões normais de questões clínicas importantes e que precisam de abordagem médica.


O problema não está em você.

Muitas mães acham que estão falhando porque o bebê acorda. Mas o que está faltando, muitas vezes, não é esforço — é informação embasada, direcionamento e apoio para sair da exaustão com segurança.

Se você sente que precisa de ajuda para organizar o sono do seu bebê, o primeiro passo é reconhecer que isso não é egoísmo — é cuidado.

Com amor,
Dra. Dúnnia Baldissera
Médica cardiologista | Medicina do Sono


Medicina do sono
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2 comentários em “Por que o seu bebê continua acordando durante a noite?”

  1. Suyla Ribeiro disse:
    16/07/2025 às 22:55

    Seu conteúdo é riquíssimo até para quem não tem o curso. Muito obrigada! Deus te recompense!

    Responder
    1. Dra Dúnnia Baldissera disse:
      17/07/2025 às 20:53

      Amém, querida! Você é sempre bem-vinda aqui!

      Responder

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